O que é hormonioterapia e como ela é usada contra o câncer de mama?

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O que é hormonioterapia e como ela é usada contra o câncer de mama?

A hormonioterapia é uma das opções de tratamento mais usadas contra o câncer de mama. Ela é um recurso importante sempre que os exames apontarem que o tumor é sensível aos hormônios estrogênio ou progesterona. Em alguns casos, pode ser usada de modo preventivo em pacientes que tenham alto risco de desenvolver a doença.

A hormonioterapia também é chamada de terapia hormonal, tratamento hormonal ou terapia endócrina.

As formas mais comuns de terapia hormonal para o câncer de mama funcionam bloqueando a ligação dos hormônios aos receptores nas células cancerosas ou diminuindo a produção de hormônios pelo organismo. O objetivo dessas ações é retardar ou interromper o crescimento das células malignas. Mas isso só funciona para os tumores que têm receptores hormonais.

Cânceres de mama sensíveis a hormônios são maioria. Representam até 80% dos casos em mulheres e até 90% nos homens, de acordo com o National Cancer Institute.

Neste artigo você vai entender como a terapia hormonal funciona, além de quais resultados e efeitos colaterais se pode esperar.

Atuação dos hormônios

Os hormônios são substâncias produzidas pelo sistema endócrino e liberados na corrente sanguínea. Eles funcionam como mensageiros químicos no corpo, afetando as ações das células e tecidos. Cada hormônio tem uma função diferente no organismo, como regulação do crescimento, do sono, da fome, da glicose e das funções sexuais.

Estrogênio e progesterona são os principais hormônios sexuais da mulher.

Em mulheres jovens, eles são produzidos principalmente pelos ovários. Em todas as pessoas, incluindo mulheres que já passaram pela menopausa e homens, estrogênio e progesterona também são produzidos por outros tecidos corporais, como as células de gordura e da pele.

O estrogênio promove o desenvolvimento e manutenção das características sexuais femininas e o crescimento dos ossos longos. Já a progesterona desempenha um papel importante no ciclo menstrual e na gravidez.

Hormônios e câncer de mama

Apesar de serem fundamentais para o organismo, em alguns casos o estrogênio e a progesterona promovem o crescimento de alguns cânceres de mama.

As células cancerosas sensíveis aos hormônios contêm proteínas chamadas receptores (receptores de estrogênio ER e receptores de progesterona PR), que são ativadas quando os hormônios se ligam a eles. Os receptores ativados podem estimular o crescimento celular.

Desde 2005, por meio do Consenso Internacional para Tratamento do Câncer de Mama Precoce, a resposta do câncer de mama aos hormônios é classificada em três categorias:

· Resposta endócrina

Quando as células tumorais apresentam receptores hormonais esteroidais (estrogênio e progesterona);

· Resposta endócrina incerta

Quando há alguma expressão de receptores hormonais, porém ela é quantitativamente ou qualitativamente baixa;

· Resposta endócrina ausente

Quando não há expressão de receptores hormonais pelas células do tumor.

A classificação dos tumores em uma dessas categorias possibilita a decisão de utilizar ou não a hormonioterapia.

Como a hormonioterapia funciona?

Existem algumas formas de tratar o câncer de mama sensível a hormônios. Elas podem ser usadas de forma isolada ou combinadas entre si ou com outros recursos dependendo da avaliação médica.

1. Bloqueio da função ovariana

Como os ovários são a principal fonte de estrogênio em mulheres na pré-menopausa, impedir seu funcionamento reduz drasticamente a presença desse hormônio. Para um efeito definitivo, pode ser feita a remoção cirúrgica do órgão ou tratamento com radiação.

Outra opção é interromper temporariamente a ação dos ovários com o uso de um medicamento que tem uma função chamada de agonista do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) ou luteinizante (LHRH). Um exemplo desse tipo de droga é a goserelina.

2. Bloqueio da produção de estrogênio

O corpo humano usa a enzima aromatase para produzir estrogênio nos ovários e em outros tecidos. Alguns medicamentos bloqueiam a atividade dessa enzima. São exemplos de inibidores da aromatase: anastrozol, letrozol e exemestano.

3. Bloqueio dos efeitos do estrogênio

Há alguns tipos de medicamentos que interferem na capacidade do estrogênio de estimular o crescimento das células do câncer de mama:

  • Moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERM): ligam-se aos receptores de estrogênio, impedindo a ligação do estrogênio. Ex.: tamoxifeno e toremifeno.
  • Drogas antiestrogênicas puras: além de se ligarem aos receptores de estrogênio bloqueando a ação do hormônio, destroem as células às quais se conectam. Ex.: fulvestrant.

4. Terapias combinadas contra metástases

A terapia hormonal para o câncer de mama que se espalhou para outras partes do corpo pode combinar a hormonioterapia com terapias que ataquem deficiências específicas das células cancerosas. Alguns exemplos de medicamentos usados nesses casos são: abemaciclib; palbociclib; ribociclib; e everolimus.

O que esperar da hormonioterapia

Como qualquer medicamento, a terapia hormonal pode causar alguns efeitos colaterais. No caso da hormonioterapia para o câncer de mama, os sintomas são parecidos com os do climatério. É importante conversar com o médico para amenizar efeitos colaterais.

Em compensação, a hormonioterapia tem demonstrado excelentes resultados no combate ao câncer de mama. Por isso, seu médico sempre conversará com você sobre o equilíbrio entre benefícios esperados e eventuais riscos.

Benefícios esperados da terapia hormonal

  • Impedir que o câncer volte;
  • Diminuir o risco de desenvolvimento de câncer em outro tecido mamário;
  • Retardar ou interromper o crescimento do câncer que se espalhou;
  • Reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia.

Possíveis efeitos colaterais da terapia hormonal

  • Ondas de calor;
  • Corrimento vaginal;
  • Secura ou irritação vaginal;
  • Fadiga;
  • Náusea e constipação;
  • Dor de cabeça;
  • Dor nas articulações e músculos;
  • Mudanças de humor e depressão;
  • Alteração da libido;
  • Impotência.

Riscos mais graves (e menos comuns)

  • Osteoporose;
  • Catarata;
  • Coágulos sanguíneos venosos;
  • Câncer endometrial ou uterino;
  • Infarto;
  • Doença cardíaca.

Tempo de tratamento

O tempo de tratamento do câncer de mama pode variar bastante de acordo com o tipo de tumor, estágio, sensibilidade aos hormônios e linha terapêutica escolhida. No caso de tumores sensíveis a hormônios, é comum que a paciente ou o paciente utilize a medicação por anos seguidos. Em alguns casos, o tratamento leva de 2 a 3 anos, podendo chegar a até 10 anos.

Essas drogas são importantes para impedir novos crescimentos tumorais. Assim, é essencial que as pessoas acometidas pela doença encarem o tratamento do câncer como uma medida de longo prazo, incluindo alterações no estilo de vida.

Do ponto de vista medicamentoso, o médico realizará acompanhamentos periódicos, buscando o melhor equilíbrio entre os benefícios do medicamento e eventuais efeitos sobre a qualidade de vida.

De forma complementar, é fundamental evitar a obesidade e o sedentarismo, adotar alimentação equilibrada e praticar exercícios regulamente. Todas essas medidas contribuem para os bons resultados da hormonioterapia.

Hormonioterapia na prevenção do câncer de mama

Mulheres que apresentam risco aumentado de desenvolver câncer de mama devem conversar com o médico sobre medidas de prevenção. Há estudos clínicos norte-americanos que demonstram que a terapia hormonal pode ser usada em longo prazo na prevenção de câncer de mama sensível a estrogênio e progesterona, reduzindo em até 50% o risco da doença.