Pesquisa diz que quase metade das mulheres tem dificuldades sexuais após tratamento de câncer de mama

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Pesquisa diz que quase metade das mulheres tem dificuldades sexuais após tratamento de câncer de mama

Uma pesquisa da organização Breast Cancer Now afirma que quase metade das mulheres (46%) tiveram dificuldades sexuais como resultado do tratamento de câncer de mama. Porém, muitas têm vergonha de pedir ajuda e acabam não conseguindo o apoio que precisam nesse momento. O estudo mostra que é importante que o assunto pare de ser tabu e conversas devem ser incentivadas para que as pacientes não sofram.

De acordo com a pesquisa quantitativa YouGov, realizada com 1.039 mulheres que foram diagnosticadas com câncer de mama nos últimos 10 anos, a amostra foi ponderada e é representativa. A análise do estudo foi realizada entre 25 de julho de 2019 e 11 de agosto de 2019, no Reino Unido.

Por que as pacientes que têm dificuldades sexuais não pedem ajuda?

Quase metade das participantes relataram que tiveram dificuldades sexuais, incluindo secura vaginal, dor e perda da libido, como resultado do tratamento do câncer de mama. Um terço (34%) das que tiveram dificuldades sexuais precisavam de apoio, mas não pediram. Destas, mais da metade (54%) revelaram que tinham vergonha de pedir ajuda. Outras razões também foram apontadas para não pedirem auxílio, como:

  • Não queria fazer minha equipe hospitalar ou clínica perder tempo (45%);
  • Eu senti que era muito trivial para comentar (48%);
  • Não sabia a quem perguntar (40%);
  • Achei que minhas preocupações pudessem ser descartadas (29%).

A pesquisa da Breast Cancer Now relata histórias de pacientes que tiveram dificuldades sexuais e ficaram com vergonha de pedir ajuda sobre questões relacionadas com sexo e intimidade. Keeley Russel, de 42 anos, passou por mastectomia, quimioterapia, radioterapia e terapias hormonais e contou que, assim que a quimioterapia começou, o sexo se tornou doloroso e a libido basicamente desapareceu. “Por ser um assunto tão tabu, fiquei com vergonha de pedir ajuda ao meu médico, mesmo que eu precisasse. Finalmente acabei enviando um e-mail para ele, o que ainda parecia mortificante”, conta.

“Não entender realmente o que estava acontecendo piorou as coisas. Meus médicos explicaram como o tratamento pode afetar minhas unhas e cabelos, mas ninguém mencionou como o tratamento pode causar mudanças, como dor, e o que isso significava para mim e para o meu prazer no sexo.

“Felizmente, minhas dificuldades sexuais começaram a melhorar um pouco devido ao tempo, compreensão e conscientização, mas essa é uma questão de longo prazo e o apoio é essencial.”

Como as dificuldades sexuais impactam na saúde mental

A pesquisa mostrou que dois terços das mulheres (66%) que tiveram dificuldades sexuais disseram ter tido um impacto negativo no bem-estar geral. Além disso, 41% relataram impacto negativo em sua confiança sexual e mais de 22% relataram impacto em sua saúde mental.

As mulheres entrevistadas também falaram sobre quanto tempo sofreram com isso. Os problemas podem durar muito tempo. Metade das mulheres (51%) que tiveram dificuldades sexuais relataram que isso durou mais de três anos.

Como o câncer de mama pode impactar a sexualidade?

O impacto da notícia de um diagnóstico de câncer de mama já pode influenciar o desejo sexual. É comum que mulheres se abalem emocionalmente e isso afete a autoestima e autoimagem da mulher. Por isso, é muito importante ter um acompanhamento psicológico para enfrentar esse momento.

Além disso, com o tratamento, surgem as consequências físicas, como cansaço, dores, enjoo, queda de cabelos, ganho de peso, inchaço etc. Se a mulher precisar fazer a hormonioterapia, pode-se somar a esses efeitos o ressecamento vaginal e a perda da libido. Naturalmente, com esse cenário, a disposição para o sexo pode ficar reduzida.

É muito importante que a paciente conte o que sente para seu mastologista, mesmo que acredite não ser relevante. O médico pode orientar de forma personalizada como a paciente pode enfrentar as dificuldades sexuais e a abordagem pode incluir profissionais de outras áreas da saúde, indicados por seu mastologista.

É preciso ajudar a paciente a criar mecanismos para exercer sua sexualidade de acordo com seu estado atual, de maneira saudável. Um ponto importante é valorizar novas formas de sexualidade, que não necessariamente envolvam a penetração, o que incentiva a paciente a procurar outras formas de prazer.

4 dicas de como lidar com as mudanças nos relacionamentos íntimos

Confira algumas dicas que podem ajudar a retomar a intimidade:

1. Converse com seu parceiro

Tente conversar com seu namorado ou marido sobre como você se sente. Isso pode incentivá-lo a compartilhar os próprios pensamentos e preocupações. Você pode fazer suposições sobre como o outro se sente sem perceber, por isso, o melhor é conversar honestamente. Fale sobre as coisas que você gosta e as que achou difíceis. Além disso, encontrar novas maneiras de manter a intimidade com seu parceiro pode ajudá-lo a se adaptar às mudanças físicas e emocionais que ocorreram até você chegar a um ponto em que se sinta mais confortável.

2. Conheça como seu corpo se sente

Explorar seu corpo, você mesma, pode ajudar a descobrir que tipo de toque ainda é agradável ou onde é doloroso. Busque conhecer seu corpo e tente outros toques ou posições sexuais que a deixem mais confortável.

3. Não se pressione

A fadiga é um efeito comum do tratamento de câncer de mama. Ela pode diminuir gradualmente com o tempo e, portanto, você pode ter mais energia para o sexo. Mas é importante estar ciente dos seus limites atuais e não se esforçar demais nem se pressionar tanto. Beba bastante líquido, alimente-se bem e converse com sua equipe sobre o que pode fazer para se sentir menos cansada. Mas não se cobre tanto.

4. Busque ajuda

A secura vaginal é um sintoma comum, muitas vezes angustiante, em mulheres que fizeram tratamento para câncer de mama. Ela pode tornar doloroso o sexo ou a intimidade. Mas existem vários tratamentos que podem ajudar na secura vaginal, incluindo hidratantes e lubrificantes vaginais. Converse com sua equipe médica e veja qual seria o melhor tratamento para o seu caso.