Qual é o momento ideal da cirurgia após quimioterapia pré-operatória no câncer de mama?

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Qual é o momento ideal da cirurgia após quimioterapia pré-operatória no câncer de mama?

O tratamento do câncer de mama costuma ser multidisciplinar e pode combinar diferentes métodos, como quimioterapia, cirurgia, radioterapia, hormonioterapia e imunoterapia. Em muitos casos, o tratamento começa pela quimioterapia, com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor e permitir uma análise “in vivo” da resistência das células tumorais à medicação em vigência, além de em certos tipos de tumores ajudar na melhora prognóstica das pacientes.

As pacientes que iniciam o tratamento do câncer de mama com o tratamento clínico devem ser operadas após o término do mesmo.

Quando a quimioterapia é o primeiro passo, ela é chamada de pré-operatória ou neoadjuvante (leia sobre isso mais abaixo).

Apesar dessa combinação entre quimioterapia e cirurgia ser um tipo de tratamento amplamente realizado contra o câncer de mama, não existia, até recentemente, um estudo sistemático que orientasse quanto ao tempo ideal que se deve esperar entre o fim da quimioterapia e a realização da cirurgia.

De forma geral, os médicos oncologistas observam a recuperação da paciente, verificando seus níveis de produção sanguínea (que são afetados em função da toxicidade que a quimioterapia pode gerar à medula) para que ela esteja suficientemente forte para passar bem pela cirurgia após a quimioterapia.

Agora, no entanto, a experiência clínica ganha uma evidência científica que corrobora o que já vinha sendo praticado e dá maior embasamento às decisões. O artigo “Momento ideal da cirurgia após quimioterapia neoadjuvante do câncer de mama: revisão sistemática e meta-análise” foi publicado no European Journal of Surgical Oncology com o resultado de um estudo irlandês que investigou justamente esse intervalo entre o tratamento quimioterápico e a operação.

A pesquisa realizou uma comparação entre os resultados de mais de 8.000 pacientes que participaram de outros cinco estudos. Com esses dados, verificou-se que existe de fato um intervalo de tempo específico em que a sobrevida e a cura da paciente tendem ser maiores.

Resultados da pesquisa

O estudo respondeu perguntas relacionadas a dois marcos temporais no tratamento neoadjuvante contra o câncer de mama, checando o prognóstico quando a cirurgia foi feita antes ou depois de oito semanas e antes ou depois de quatro semanas.

Confira os principais resultados:

  1. A primeira constatação importante foi a observação de que há uma sobrevida global maior entre pessoas que são submetidas à cirurgia antes do prazo de oito semanas após quimioterapia neoadjuvante.
  2. Verificou-se, então, a efetividade da realização precoce da cirurgia, comparando os resultados antes e depois de quatro semanas. Entretanto, a pesquisa demonstrou que não houve qualquer vantagem no prognóstico das pacientes que passaram pela cirurgia de forma antecipada.
  3. Além disso, a investigação apontou um índice mais elevado de morbidade nos casos em que a cirurgia foi realizada com menos de quatro semanas após o fim da quimioterapia.
  4. Portanto, foi possível concluir que existe um período ideal para a realização da cirurgia complementar à quimioterapia neoadjuvante. O estudo mostrou que ela deve ser realizada entre quatro e oito semanas após a quimioterapia.

Quimioterapia neoadjuvante no câncer de mama

A quimioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos para alterar a capacidade das células cancerígenas de se dividirem e crescerem. Algumas vezes, apenas com a realização da quimioterapia já é possível eliminar o tumor. Em outras situações, ela não dá conta de todo o trabalho sozinha. Ainda assim, desempenha papel importante reduzindo o crescimento do câncer, impedindo que ele se espalhe, matando células malignas que atingiram outras partes do corpo ou ajudando as pessoas com câncer a viverem mais e melhor.

A administração da quimioterapia antes da cirurgia mamária – ou seja, a quimioterapia neoadjuvante – tem o potencial de reduzir o risco de que a doença reapareça ou forme metástases. Tem também, principalmente, o papel, além de reduzir o tamanho do tumor permitindo uma cirurgia menos invasiva, de dar uma ideia prognóstica conforme o tipo de resposta do tumor ao tratamento, por exemplo, se a doença desapareceu ou não com a quimioterapia. Aliás, esse dado só é sabido após a realização do tratamento cirúrgico.

Isso é importante porque a cirurgia de remoção do câncer pode ser mais complicada quando o tumor está maior. E, após a quimioterapia, quando há redução do câncer, não é necessária uma retirada ampla de toda a área onde estava o tumor, permitindo muitas vezes a conservação da mama, ou seja, cirurgias mais econômicas.

Assim, a quimioterapia é uma alternativa interessante para reduzir o tamanho do câncer e permitir que, posteriormente, a remoção cirúrgica seja mais minimalista e menos arriscada.