Quimioterapia para câncer de mama: qualidade de vida pode influenciar na tolerância ao tratamento

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Quimioterapia para câncer de mama: qualidade de vida pode influenciar na tolerância ao tratamento

A quimioterapia é um dos recursos mais empregados no combate ao câncer de mama. Seja de forma isolada, seja em combinação com alternativas terapêuticas, os quimioterápicos desempenham papel essencial em diferentes quadros. Todavia, como qualquer outro tipo de tratamento, a quimioterapia para câncer de mama pode gerar efeitos colaterais. Além disso, a tolerância de cada paciente pode influenciar na resposta da intervenção.

Desse modo, um grupo de pesquisadores da França tentou responder de que forma a qualidade de vida antes do início do tratamento impacta a forma como as pacientes respondiam a ele, sobretudo considerando episódios de redução de dose dos fármacos e quadros de toxicidade pós-tratamento. O artigo com os resultados foi publicado no periódico Cancer, da American Cancer Society.

As aplicações da quimioterapia para câncer de mama

Antes de entender os achados do estudo mencionado na introdução, vale repassar de que forma a quimioterapia para câncer de mama é utilizada. Em linhas gerais, a quimioterapia envolve a utilização de determinados fármacos para retardar o crescimento e a disseminação das células cancerígenas. Com isso, é possível diminuir a velocidade com que o tumor se espalha. Ou seja, a aplicação da quimioterapia pode reverter a progressão da doença e suas consequências para a saúde do paciente.

A quimioterapia pode ser utilizada em diferentes tipos de tumor e em várias partes do corpo. Dessa maneira, ela é uma opção comum para casos de câncer de mama. Ela pode ser administrada antes de uma cirurgia de remoção do tumor (chamada de quimioterapia neoadjuvante) ou depois (que recebe o nome de terapia adjuvante).

Os fármacos que compõem o tratamento quimioterápico podem ser administrados de várias formas (oral, intravenosa ou intramuscular, por exemplo). O número de sessões e o intervalo entre elas é definido conforme avaliação do médico.

Contudo, a quimioterapia gera alguns efeitos colaterais. Eles podem ser de curto prazo (como a perda de cabelo e as náuseas e vômitos), cessando quando o tratamento termina. Outros, como a infertilidade e a fadiga, podem persistir de forma crônica por um tempo longo depois que as sessões são suspensas. Isso, claro, pode trazer reflexos para a qualidade de vida do paciente.

O impacto da qualidade de vida na tolerância ao tratamento

Foi pensando no impacto da qualidade de vida no desfecho do tratamento de tumores ainda em estágios iniciais que o estudo francês foi desenhado. Várias evidências já apontam que uma maior qualidade de vida está associada a uma melhor evolução da doença, em especial quando se considera a sobrevida. Entretanto, a maior parte dessas evidências tem como referências tumores em estágios avançados.

A partir disso, os pesquisadores franceses analisaram os dados de 3079 pacientes. O objetivo era entender de que modo a qualidade de vida no momento do início do tratamento influenciava em eventuais reduções de dose da quimioterapia para câncer de mama e em quadros de toxicidade após o tratamento, que podem gerar efeitos colaterais crônicos. Com isso, tais parâmetros podem estar associados a uma maior sobrevida, uma vez que indicariam uma maior tolerância ao tratamento.

Dentro da amostra reunida, 2361 pacientes estavam recebendo a quimioterapia como tratamento adjuvante. As demais eram tratadas com quimioterapia de forma neoadjuvante. Todas elas tinham sido recém diagnosticadas com tumores na mama em estágios entre I e III.

Para mensurar a qualidade de vida, as voluntárias foram avaliadas por meio do European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Questionnaire Core 30 (EORTC QLQ‐C30). Esse é um questionário já validado que leva em conta parâmetros como escalas funcionais (de desempenho físico, por exemplo), manifestação de sintomas (incluindo a fadiga) e outros itens que avaliam a qualidade de vida em geral. O questionário foi aplicado em dois momentos: antes do início do tratamento e até 6 meses depois do fim dele.

Os principais resultados do estudo

No universo das pacientes acompanhadas, 15,5% experimentaram algum tipo de redução de dose da quimioterapia ao longo do tratamento. Outros 31% apresentaram algum quadro de toxicidade pós-tratamento. Os dados foram obtidos a partir da coleta de dados junto aos prontuários médicos.

Analisando os parâmetros relativos à qualidade de vida, os pesquisadores concluíram que pacientes que apresentavam uma maior escala atrelada à sensação de fadiga antes do início do tratamento tinham maior probabilidade de estarem nos grupos que passaram pela redução de dose da quimioterapia ou de quadros de toxicidade.

Tal conexão foi também observada em pacientes que indicavam uma menor capacidade física funcional. Ademais, alterações no sono, perda de capacidade cognitiva, dor e perda de apetite eram outros indicativos de uma menor tolerância à quimioterapia.

Portanto, na prática, esses resultados podem ser úteis para reforçar o cuidado que o médico responsável pelo acompanhamento deve ter no manejo dos efeitos colaterais, em especial nesses grupos que já iniciam o tratamento com níveis de qualidade de vida mais baixos. Assim, é possível minimizar os riscos de intolerância ao tratamento, ampliando a chance de sucesso da intervenção. Diante da importância da quimioterapia para câncer de mama, isso pode fazer diferença no período de sobrevida.